sábado, 30 de junho de 2012

SUA EMPRESA ESTÁ EM CRISE? (Turnaround 2)




É difícil para o empreendedor entender
o momento no qual a empresa precisa iniciar
um processo de turnaround...
Talvez um dos pontos mais difíceis de serem definidos pelo empreendedor é saber / definir o ponto no qual a empresa está ou não em crise.
Como já disse anteriormente, via de regra o empreendedor é um otimista. Desta forma nem sempre é fácil aceitar ou entender que a empresa na qual ele alocou tanto esforço e dedicação não está indo da maneira como devia.

Por outro lado, há um fator que não devemos desconsiderar que é o fato de que há negócios que normalmente sofrem oscilações, tanto no faturamento quanto no resultado, de forma esporádica, sendo levados a isto por questões de sazonalidade, impactos macro econômicos e eventuais ações de concorrentes. Em suma, "faz parte do negócio", o resultado eventualmente oscilar e um ou outro fator não se comportar como deveria.

Assim nos deparamos com a necessidade de gerar parâmetros para saber se um negócio está ou não em crise, e se existe ou não a necessidade de chamar um prático (turnarounder) para guiar seu barco através dos arrecifes e bancos de areia que são tão perigosos quanto dissimulados. Neste ponto abrimos parênteses: Os indicadores que vou deixar aqui, são indicadores que "eu" uso. Não há na literatura ou na legislação, pelo menos até onde eu pesquisei, nenhum indicador globalmente aceito.
Não há algo do gênero: "daqui para frente a empresa está em crise", "daqui para trás a empresa não está em crise". A análise destes parâmetros tem que ser aplicada com muito carinho caso a caso. O "ponto de não retorno" para uma empresa, pode ser facilmente revertido em outra com indicadores muito similares. Então gostaria que o leitor levasse em consideração que os parâmetros aqui apresentados são os que eu uso. Nada mais. Divido em dois grupos. Os indicadores de médio prazo e os de curto prazo.


Se uma empresa apresenta em médio prazo:
  • ROI (Return On Investment) abaixo da taxa base de juros da economia onde a empresa se encontra por dois anos seguidos.
  • Redução no seu faturamento líquido por três anos consecutivos.
  • Redução no ROI e no Faturamento Líquido concomitantemente por dois anos consecutivos.
  • Crescimento do Lucro Bruto abaixo do crescimento do PIB por três anos consecutivos.
  • ROI ou percentual do Lucro Líquido abaixo dos obtidos por concorrentes de sua empresa de maneira "consistente".
Se sua empresa apresenta em curto prazo:
  • Dificuldade em alavancar as operações diárias e não há possibilidade de alteração da situação via alavancagem por bancos, empréstimos ou equivalentes;
  • Se o valor dos custos da alavancagem em médio prazo é maior que a perspectiva de resultado para o período;
  • Se as perspectivas do negócio não incentivam a entrada de novos recursos, seja por bancos como por alianças ou novos investidores.
Sob meu ponto de vista, se sua empresa se encontra classificada em qualquer uma das linhas acima ela se encontra em Crise.
Obvio que no caso dos parâmetros de curto prazo, a crise remete ao risco de continuidade do negócio e pode ser que o momento de implementar modificações agressivas tenha passado.
Se podemos classificar a empresa como em crise ou não, o mesmo não pode ser dito sobre o "ponto de retorno". O ponto de retorno é aquele último momento no qual uma empresa pode ainda se recuperar da crise na qual se encontra e continuar a existir. Um momento ou situação além daquele, define a impossibilidade econômica de recuperar o negócio. Este ponto, além de ser algo absolutamente subjetivo, passa pela necessidade de abordagem de todos os aspectos envolvidos na questão e eu não sei como definir tais padrões.
A grande utilidade destas definições/parâmetros está no fato de tornarem o momento de procurar ajuda mais claro para o empreendedor. Neste tipo de situação o momento no qual é tomada a decisão de iniciar um processo de turnaround é um dos fatores fundamentais de sucesso.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

TURNAROUND (Turnaround 1)


Como os Senhores sabem, este blog tem publicado aquilo que foi escrito na forma de um livro. A maior parte do material já estava escrito e tem sido adaptado ao espaço e linguagem que considero mais apropriados para o público alvo.

O material deste Post, de maneira diferente, é fruto daquelas coincidências que por vezes nos intrigam. Em gestão há ocasiões em que passamos muito tempo sem "ver" ou "encontrar" um determinado assunto. Então de repente o assunto começa a aparecer em contatos, palestras, conversas... É este o caso.

Hoje apresentaremos o processo de "Turnaround".

Turnaround é o termo que denomina uma série de procedimentos no sentido de alterar radicalmente os processos e / ou pessoas atuando na empresa e por consequência obter resultados muito diferentes daqueles que vinham sendo obtidos.

Este conjunto de procedimentos em outros momentos recebeu denominações diferentes, ou pedaços deste conjunto de procedimentos já receberam denominações diferentes, que foram em seu tempo até mesmo mais conhecidas que o termo atual. É o caso de REESTRUTURAÇÃO, que sob meu ponto de vista trata de um pedaço do procedimento de Turnaround como um todo, mas que em determinado momento nas décadas de 80 e 90 foi usada como termo para referenciar alguns trabalhos que hoje seriam determinados como TURNAROUND. Ainda hoje há em algumas bibliografias o conceito de Turnaround como sinônimo de Reestruturação.

Indiferentemente dos termos usados, o processo de Turnaround denomina um conjunto de procedimentos que podem ser muito úteis para uma empresa em crise, carente de uma reversão radical na obtenção de resultados. Infelizmente há uma série de confusões associadas ao termo, que devem ser esclarecidas mesmo para aqueles que apenas procuram mais informações.


Os procedimentos de Turnaround não são uma varinha mágica. Não possuem poderes ilimitados e não costumam apresentar resultados da noite para o dia. Pode parecer pessimista, mas o executivo que lida com este tipo de processo, é também o executivo que lida com investidores muito otimistas. O termo pode parecer um pleonasmo, assumindo que "todos" os investidores/empreendedores são muito otimistas, ou pelo menos que uma parte significativa da população de empreendedores possui o otimismo como traço e fator de sucesso.

A verdade é que o profissional de turnaround é chamado quando a empresa não vai bem e se encontra em crise. Obviamente precisamos de uma definição melhor sobre o que consideramos "crise" e também sobre o que consideramos "não vai bem" (faremos isto em um post específico). Mas o fato é que dentro desta "população de empreendedores" existem aqueles que acreditam na recuperação da empresa por suas próprias ações até um determinado ponto, que pode ser antes ou depois do "ponto de não retorno".


Como todo processo existente na face da terra, há momentos e "momentos" no decorrer do processo. É difícil definir de forma clara a partir de qual momento uma determinada empresa não apresentará mais condições de recuperação. São muitas variáveis para se colocar no papel de maneira definitiva. Por outro lado, para um executivo experiente no assunto, depois de uma série de análises e estudos, é possível sim determinar com boa precisão, a capacidade ou não de recuperação da empresa. Um dos problemas recorrentes acontece quando o chamado para tal estudo ocorre depois de passado o momento adequado. É nesta situação que existe o encontro entre o profissional conhecedor de processos e procedimentos e o empreendedor que aguarda um milagre. Milagres existem, mas não são a regra.

Nesta série de posts, procuraremos apresentar as técnicas viáveis, conhecidas e utilizadas de procedimentos que podem ser utilizados para tirar uma empresa de uma séria crise de resultados.

Para você que não é ainda um "Turnarounder" o importante não é o termo em si, mas o que pode ser feito e como pode ser feito... É isto que tentaremos apresentar!