terça-feira, 13 de março de 2012

COMO USAR O ESTUDO DE MEGATENDÊNCIAS (Estratégia 22)


Limites da abordagem.

Megatrends são tendências, neste sentido quando detectadas, são "bastante" certas. O problema na frase anterior se encontra no "bastante".
Uma vez detectada uma tendência, mesmo que "certa" como tendência, ela sempre se dará no contexto de sociedade, grandes massas, o que por si, como conceito, inclui elementos de incerteza.


Dentro da tendência a globalização, que pode ser demonstrada para todos os países, regiões e blocos econômicos, conseguiremos encontrar aqui e acolá, alguns movimentos "anti-globalização". A velocidade e intensidade com a qual tais "contra" tendências crescerão, ou mesmo se crescerão, é difícil de ser prevista. Pode ser estimada, quando a situação ficar bastante clara para que seja detectada pelos mesmos instrumentos que detectaram a tendência em si, mas dificilmente eliminará a característica de incerteza contida no método.

Sempre é bom lembrar que vez por outra, muito raramente é verdade, um indivíduo, organização, empresa ou pequeno grupo consegue alterar a realidade do meio que o cerca.

Como usar o estudo das megatendências em sua empresa.
Em primeiro lugar devemos nos lembrar de que sua empresa ou você mesmo só farão bom uso dos estudos de tendências, caso possuam um planejamento estratégico alinhado e definido, em uso. Os Megatrends são uma ferramenta de uso restrito a quem gastou algum tempo fazendo as demais tarefas relacionadas ao planejamento estratégico. Soltas no ar as megatendências são bom material para interessante leitura, mais nada.

Há várias formas já sendo utilizadas, as mais óbvias:

Alinhar o desenvolvimento de novos produtos e serviços a tendências já detectadas.

Exemplo: o envelhecimento da população brasileira é uma realidade. Desenvolver produtos e serviços para a 3ª idade, é garantir taxas de crescimento da população consumidora de tais produtos pelos próximos 30 anos. Neste sentido temos um range de produtos que é virtualmente infinito. As academias de ginástica, por exemplo, não tinham e não tem foco nesta faixa etária, como regra geral, mas o aumento da população ativa e da capacidade de consumo desta faixa, podem mudar este cenário de forma radical nos próximos anos. O mesmo acontece com a industria de alimentos, que já está focando em suplementos alimentares com foco na 3ª idade.




Incluir as tendências no material de análise de riscos, para que possa servir de "early warning".

A análise de riscos pode ser incrementada
através da análise das tendências que
possam afetar a empresa... como um radar.
A análise de riscos que encontramos na Análise SWOT, geralmente é feita em relação aos padrões e regras atuais. Acontece que os riscos podem estar inclusos em tendências já detectadas, mas que ainda não apresentam efeitos presentes no dia a dia.
Tanto a Olivetti, quanto a Kodak não foram capazes de entender (ou de reagir) que o negócio delas tinha sido alterado de maneira radical pela presença de novos produtos que atendiam a novas tendências de maneira mais adequada que os oferecidos por elas. Entretanto tanto uma quanto outra, sobreviveram muitos anos, se considerarmos a data na qual o risco que poderia ser detectado e o momento no qual estas empresas entregaram os pontos, levadas a uma situação de encolhimento, por produtos substitutos que poderiam ser detectados e foram vistos de maneira inadequada pela gerência.


A Olivetti, apesar de haver entendido no momento em que a primeira impressora de pequeno porte ficou pronta, que seu negócio havia desaparecido, ou estava desaparecendo, não conseguiu manter sua importância como produtora de inovações em equipamentos. Com o advento dos micro-computadores e a criação de impressoras de pequeno porte, a possibilidade de continuo crescimento na utilização das máquinas de escrever assim como o uso de computadores de grande porte (os dois produtos que eram mais significativos em seu portfólio na época) se tornou virtualmente nula para o grande mercado consumidor. Entretanto, tanto uma quanto outra invenção não foram inovações drásticas, que aconteceram da noite para o dia. Ambas estavam inseridas no contexto da automação, que era crescente e constante. No caso da Olivetti, houve uma migração para a produção de computadores de pequeno porte, mas a mudança se deu de forma inadequada e um tanto tardia. Em 2003 a empresa foi adquirida pela Italia Telecon. Hoje ainda existe, mas de forma menos significativa dentro de seu mercado.

A Kodak não conseguiu reverter suas posições de maneira
a utilizar as novas tecnologias e novos produtos com tanto
sucesso quanto no passado.
Da mesma forma, a Kodak deveria ter entendido (e provavelmente entendeu, apenas não conseguir reagir de maneira a corrigir seu curso) que seu negócio estava em risco no momento em que as impressoras de jato de tinta se tornaram mais confiáveis e baratas, ou então quando o ato de armazenar fotos passou a ser um disco rígido ou mesmo um chip, através do armazenamento de dados digital que é propiciado pelas máquinas digitais. Ambas as tendências estavam inclusas dentro de contextos maiores, mas de maneira bastante clara e detectável.






 

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