segunda-feira, 16 de abril de 2012

A ESCASSEZ DE RECURSOS NATURAIS (Estratégia 27)



Apesar de diretamente relacionada à Gigatendência sustentabilidade & ecologia, a escassez de recursos naturais é por si uma Megatendência com efeitos significativos que atingem a todos nós.

Principalmente quando o "nós" acima trata dos brasileiros.Somos o famoso gigante deitado em berço esplêndido, e bota esplêndido nisto! Poucas vezes o "lugar comum" foi tão intimamente relacionado com a realidade.

A utilização dos recursos naturais de forma pouco planejada e menos responsável ainda, resulta neste momento em algumas tendências de falta de matéria prima para itens fundamentais. Isto faz com que os países que possuam estas matérias primas tenham uma vantagem competitiva.

Um exemplo simples:

O petróleo e todos seus derivados estão com os dias contados. Não se trata aqui de dizer QUANTOS são os dias, mas sim que eles estão marcados e o fim da exploração acontecerá dentro da vida de nossos filhos, netos ou bisnetos, mas não muito a frente disto.
O petróleo é fruto de um fenômeno natural de longuíssimo prazo, que envolve a participação de 1.200 hidrocarbonetos, pressão, o local adequado com rochas sedimentares colocadas na sequência adequada e milhões de anos de maturação. Há inúmeras teorias sobre o surgimento do petróleo, porém a mais aceita é que ele surgiu através de restos orgânicos de animais e vegetais depositados no fundo de lagos e mares, sofrendo transformações químicas ao longo de milhões de anos. Substância inflamável, possui estado físico oleoso e com densidade menor do que a água. Sua composição química é uma combinação de moléculas de carbono e hidrogênio (hidrocarbonetos). Como podemos ver, não é algo que possa ser feito nas quantidades consumidas atualmente, dentro de um prazo adequado (leia-se curto). Ou seja, somos até capazes de reproduzir a composição do petróleo em laboratório, mas não a custos aceitáveis.

Este é o ponto para quase todas as matérias primas. Podemos substituí-las de uma forma ou de outra. O problema é o custo de fazê-lo. Tirar o óleo pronto da terra é uma solução bastante barata como solução para produção de energia. Este é o único ponto forte nesta questão, o custo! Entretanto sabemos que as reservas estão se esgotando rapidamente. O mundo consumiu em cento e poucos anos a maior parte da reserva existente. Podemos até mesmo encontrar novas reservas, como é o caso do Brasil com o pré-sal. Entretanto todas as reservas, existente e ainda por serem detectadas, são recursos finitos para um uso continuado, milhões de vezes mais veloz que a possível produção de novas reservas.

Daí a relação íntima desta Megatêndência com a Gigatendência Ecologia/Preservação/etc. Reciclar é o caminho mais indicado, no momento.
O caminho do petróleo é o mesmo caminho da maior parte das commodities. Com o ferro acontece o mesmo, com a água também. O ferro e a maior parte dos minerais provêm de reservas que são pressionadas pelo crescimento acelerado da construção civil e outros consumos da área de transformação.

 

Já a água não sofre transformação, ou sofre em quantidades não significativas, mas se torna inadequada para uma série de usos. Assim o problema está diretamente relacionado não à quantidade de água existente no planeta, mas sim a QUANTO desta água está potável ou própria para os diferentes consumos.

Com os alimentos o que acontece é um tanto diferente. O crescimento da economia por e da condição de vida de grandes populações antes excluídas do ciclo de consumo, faz com que a procura por produtos como carbo-hidratos, proteínas e outras cadeias de alimentos seja pressionada por uma demanda superior a capacidade de produção das áreas consideradas tradicionais de cultivo.

Esta Megatendência gera mais efeitos no Brasil a partir do seguinte ponto: Desde os anos 90, a participação das commodities nas exportações brasileiras tem oscilado ao redor de 40%. Entre 2007 e 2010 esta participação saltou 10 p.p. (pontos percentuais) alcançando 51% das exportações brasileiras.
Infelizmente o aumento no volume não tem sido igualado pela diversificação do setor produtivo. Continuamos no ciclo de produzir mais do mesmo. São matérias primas ou fatores de produção muito necessários no mundo atualmente: Minério de Ferro, carne, soja, açúcar, energia nas suas mais diversas formas (hidráulica, eólica, hidrocarbonetos, etc), água limpa potável.

Se você gastar alguns segundos olhando com atenção para a lista acima vai perceber que o Brasil possui "de montão", quase tudo o que está ali. Pois bem, esta condição nos garante taxas de crescimento diferenciadas (leia-se maior do que seriam em outras condições) lastreadas basicamente no fato de que teremos mercado crescente e constante para uma boa parte dos itens que temos em nosso solo / natureza.
O resto do mundo se encontra em situação não tão alavancada quanto a estes quesitos. Em certa base, o BRICS, composto de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, é o bloco de países com maior concentração destes fatores o que faz com que eles tenham um diferencial em suas taxas de crescimento em relação ao resto do mundo. Não significa que estas taxas serão maiores ou menores que outros países, já que cada um destes tem lá seus problemas internos que afeta de maneira diferenciada a taxa de crescimento do PIB. Mas em regra, estes países terão nos próximos anos taxas de crescimento maiores do que as que seriam atingidas dentro de seu padrão de crescimento normal, principalmente devido a ausência destes fatores no mundo como um todo.

Onde isto afeta você?




De várias maneiras:
Primeiramente a demanda por produtos que temos está garantida por um bom período. O quão longo é este período é difícil dizer, mas a próxima década parece bastante oferecer uma certeza crescente quanto à demanda, ou pelo menos é assim que enxergam as coisas a maior parte dos analistas e economistas. Isto por si só, garante um certo faturamento do país, com a venda das commodities, que por sua vez ajudam a equilibrar a balança comercial. Trocando em miúdos, garantem que a economia não seja tão afetada pelo mercado externo, como costumava acontecer em passado não tão longínquo.
Em segundo lugar, este crescimento na demanda de produtos básicos gera muita movimentação econômica nos sistemas derivados de cada um.

 

Por exemplo: A extração de petróleo traz riqueza aos pontos no litoral onde são instaladas as bases operacionais de cada um dos campos. Cidades inteiras crescem rapidamente à sombra das grandes arrecadações e consumo gerado pelos profissionais atraídos a trabalhar nas plataformas. Este crescimento acelerado cria demanda por todos os tipos de profissionais, de empregadas domésticas a professores de inglês.
Outro exemplo: A demanda por minerais atrai riqueza para as cidades próximas aos locais de extração, assim como para os operadores logísticos, portuários e assim por diante. Cada um destes gera algum tipo de distribuição dos valores gerados e assim por diante.
Cada uma das cadeias básicas atua sobre uma determinada parcela da população, que acaba por gerar riqueza que por sua vez movimenta o que chamamos de "mercado interno".
O mercado interno tem sido o grande diferencial do Brasil em relação à maior parte das nações que foram atingidas pela crise de 2008 que teve início nos USA.
As movimentações socioeconômicas tem sido violentas nos últimos anos, o que acaba por montar uma nova tendência em si, a das movimentações sócio/demográficas, que tem origem basicamente nesta que estamos estudando.
Se sua empresa não levou em consideração esta megatendência, ainda está em tempo. Se você não levou em consideração as oportunidades oferecidas por toda esta movimentação, também está em tempo de se alinha com esta megatendência.




Nenhum comentário:

Postar um comentário