quarta-feira, 4 de abril de 2012

O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO (Estratégia 26).



A População Mundial envelhece...
E envelhece bem!
A população mundial envelhece. E envelhece neste momento (início da segunda década) rapidamente. Diferentemente do que pensamos, ou pelo menos daquilo que eu penso cotidianamente, a população não envelhece de maneira linear. 
Isto se dá por vários motivos, entre eles:

A natalidade também não é linear (pode parecer óbvio mas não é). Ao longo das décadas se formam "bolsões" relacionados a eventos de maior ou menor importância global, mas que podem atingir de maneira pontual uma ou outra região.

 

Os Baby Boomers impactaram a cultura e os
costumes em mais de uma maneira...
Após o final da II Guerra mundial, o mundo e mais especificamente as Américas tiveram um surto de nascimentos com concentração atípica, originado de dois fatores mais significativos. O primeiro foi a volta dos soldados ao lar, uma massa de muitos milhões de homens jovens que ficaram alguns anos afastados e sem condições de formar família. Quando as condições se formaram após o fim do conflito, houve uma concentração de casamentos e nascimentos na sequência, que saiu completamente fora da curva padrão. Aos nascidos neste período foi dado o nome de "Baby Boomers". Em 1946, as taxas de natalidade cresceram bastante, iniciando um aumento estável que durou por quase 20 anos. A definição mais aceita da Geração Baby Boomer é que ela compreende as pessoas nascidas entre 1946 e 1964. O ano de 1946 marcou o início do aumento dos nascimentos nos Estados Unidos e os números, embora tenham atingido seu pico em 1957, permaneceram estáveis até que, finalmente, começaram a diminuir em 1965. Esta geração tem sido estudada de forma exaustiva e pode-se referenciar "efeitos" dos mais diversos relacionados à concentração de pessoas em uma mesma faixa etária. Quando os Baby Boomers estavam entre 15 e 20 anos criaram toda a cultura do movimento juvenil dos anos 60. Quando estavam com 20 a 25 e poucos, participaram da cultura de excessos dos anos 70. Com o amadurecimento e perto ou acima dos 30 fizeram parte da cultura "Yuppie" dos anos 80. Acho que deu para todos entenderem.

O segundo efeito foi o crescimento econômico do último século, que criou condições materiais fundamentais para a preservação da vida.

Entre estas condições temos:


  • Urbanização adequada (ou mais adequada) das cidades;
  • Melhoria nutricional. Melhoraram tanto a quantidade quanto o conhecimento e por consequência a qualidade da alimentação;
  • Elevação dos índices de higiene pessoal;
  • Melhores condições sanitárias em geral. Hoje esgoto, água tratada, recolhimento do lixo são coisas normais. No final dos anos 1.800 não eram;
  • Melhorias nas condições ambientais tanto das moradias quanto dos ambientes de trabalho;
  • Mais empregos e por tabela mais renda para suportar todos os itens acima e abaixo;
  • Mais hospitais, mais remédios e mais médicos;
Tudo isto contribuiu de maneira decisiva para que a população pudesse envelhecer.

Há um item, entretanto que foi diferenciado em relação aos demais colocados acima:
O desenvolvimento da medicina, em todos os campos.

Para que tenhamos uma ideia da dimensão do impacto deste fator apresento um único exemplo, mas que possibilita a aquisição da noção / grandeza. Na Inglaterra em 1855, de cada 100.000 mortes, 13.000 eram atribuídas à tuberculose (incríveis 13%). Nos Estados Unidos, após o ano 2.000 o número de mortes atribuída a tuberculose era de 194 para os mesmos 100.000. Em média o desenvolvimento da medicina salvou 12.800 pessoas a cada 100.000 apenas com a tuberculose. Isto ao longo de um século e uma doença! Esta Megatendência afeta de maneira muito impactante um número enorme de campos e atividades. Tenho tentado, obviamente dentro das limitações impostas pelo tema, colocar as megatendências em ordem de maior impacto para menor impacto. Trata-se de tema relacionado a percepção, logo muito passível de contraposição e discussão, mas este tema realmente é fundamental.

Vou colocar alguns efeitos, apenas para que o leitor mais interessado no tema possa direcionar suas pesquisas:

Com o envelhecimento acentuado da população, o sistema de previdência social público, tocado pelo estado, fica condenado a sua exaustão de maneira progressiva e acelerada. Todas as aposentadorias do mundo todo, foram dimensionadas para serem mantidas perante uma participação de X% de participantes do sistema ativos e Y% de participantes inativos, ou gozando de sua aposentadoria. Este Y% foi calculado pelo número de anos entre a aposentadoria e a morta do elemento em questão. Assim se no princípio a idade média da população era de 65 anos e o sistema permitia a aposentadoria em média aos 60 anos, o sistema previdenciário tinha que ser calculado para manter as pessoas por 5 anos em média. A medida em que a idade média de sobrevida da população passa para 70 anos por exemplo, o sistema passa a contar com um passivo a descoberto de 5 anos de contribuições. Os números nestes casos são sempre gigantescos.

Outro efeito que já é sentido: Na medida em que anteriormente um indivíduo não tinha condições de trabalho aos 65 anos, por questões de saúde ou equivalentes, e hoje este número é 70, as pessoas passam a trabalhar mais anos.

Pois bem, temos dois sub-efeitos diretos aqui:
O número de vagas para trabalho não varia de acordo com a faixa etária da população, mas sim de acordo com o desempenho da economia. Acontece que o desempenho da economia não consegue, em alguns países, acompanhar o crescimento da população apta ao trabalho, assim nestes casos o trabalhador sênior passa a "roubar" uma vaga de trabalho de um jovem, logo os jovens passam começar a trabalhar mais tarde e a ficar mais tempo na casa dos pais.

Ao mesmo tempo temos o surgimento de um mercado de trabalho bastante específico, que acaba por criar uma "demanda" por profissionais com vasta experiência, muito conhecimento de causa e ritmo de trabalho e sucesso diferenciados do mercado como um todo. Este movimento em si incorpora um sem número de oportunidades de produtos e serviços específicos, fato que nos leva ao próximo efeito.
Está criado, e está mesmo, todo um mercado de consumo especialmente modelado para os cidadãos da terceira idade. São atividades, turismo, produtos e serviços direcionados para um público que está muito bem colocado em termos de capacidade de comprar, mas que até alguns anos atrás, não possuía expressão no consumo por conta de serem uma minoria não significativa.

O cidadão sênior tem grande capacidade de consumo, hábitos de consumo diferenciados e necessidades bastante específicas. Os detalhes e ajustes deste "ex" nicho (ou pelo menos agora trata-se de um mercado considerável), quando bem explorados resultam em vendas significativas.
A Ford possuirá em breve, nos USA, modelos com "personalização" dos usuários, que permitirá ao idoso, quando utilizando o veículo, ter o painel com números e símbolos maiores, para facilitar a leitura dos instrumentos. Na mesma linha, o aparecimento de inúmeras tecnologias preventivas - como detector de ponto cego, alerta de mudança de faixa e sistemas ACC (que diminui a velocidade de seu carro se você se aproximar demais de outro veículo) – se tornam atrativos significativos para os participantes desta faixa etária.

Entre os celulares temos o Jitterbug (www.jitterbug.com), da Samsung, que não parece um celular para a terceira idade até que as pessoas o abram e encontrem os botões maiores e os dígitos grandes na tela.
Para as pessoas que se esquecem de onde deixaram objetos, o Loc8tor (www.loc8tor.com) pode localizar até sete itens. Uma pequena etiqueta é afixada ao item, e a unidade principal do aparelho registra a frequência da etiqueta para aquele objeto. Quando a pessoa esquece onde deixou o item, o aparelho pode localizá-lo em raio de 180 metros, e sons diferenciados apontam para a direção em que o objeto se encontra.

Em suma, trata-se de um mercado crescente, específico e muito rentável, desde que sejam respeitadas e exploradas as limitações dadas a estes indivíduos.

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