sábado, 26 de maio de 2012

GIRO: A COMPOSIÇÃO E AS ESTRATÉGIAS BÁSICAS (Working Capital 2)



No post anterior sobre fluxo de caixa, deixamos claro que é muito difícil atuar sobre o fluxo de caixa, caso a gestão do capital de giro não seja adequada a sua operação.

Tentar "aplainar" as deficiências da gestão do capital de giro através do fluxo de caixa é um caminho de alto custo, com alto risco e poucas chances de trazer bons resultados em longo prazo.

Imaginemos que sua operação trabalha com um grande volume de capital de giro "alavancado". O termo indica que sua operação pode estar trabalhando o tempo todo com uma dívida alta, necessitando captar recursos no mercado financeiro para cobrir os valores negativos gerados pela operação. É imprescindível que a operação em si traga resultados em termos percentuais, superiores ao custo do dinheiro que está sendo captado. Caso contrário, sua operação, mesmo que positiva quando alinhados apenas os fatores operacionais, estará fadada a apresentar resultados negativos na última linha. Para sempre!
Assim é fundamental que o gestor tenha conhecimento prático de como gerenciar o capital de giro em si, e não apenas sua "resultante", o fluxo.

Há alguns pontos onde um bom gestor pode atuar, quando pensamos em gerir o capital de giro de uma empresa.

O estoque é um dos componentes a
ser adequadamente gerenciado.
Primeiramente vamos à definição de capital de giro (em inglês Working Capital, não por acaso o título desta série de postagens):
Capital de Giro é o recurso utilizado pela empresa para sustentar as operações do dia a dia da empresa. Trata-se do capital disponível para a condução "normal e rotineira" dos negócios de um determinado empreendimento. Geralmente este montante é composto pelos valores disponíveis (imediatamente e a curto prazo) assim como pelos estoques (com liquidação, não se incluem aqui os estoques de baixo giro ou obsoletos). Usando uma terminologia mais "contábil" e precisa: Capital de giro, portanto, é o ativo circulante que sustenta as operações do dia-a-dia da empresa e representa a parcela do investimento que circula de uma forma a outra, durante a condução normal dos negócios. Muitos gestores confundem ou utilizam o termo capital de giro, com o indicador "capital de giro líquido". Este indicador é calculado pela diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante, dando a medida de quanto "sobra ou falta" de ativos para a manutenção das operações.

Assim quando falamos em atuar sobre o capital de giro, estamos falando em gerir os seguintes processos ou grupos de contas:
•  Política de Crédito e o grupo de contas relacionado, que é o "Contas a receber";

•  Política de Compras Operacionais e seu grupo de contas relacionado que é o "Fornecedores";

•  Nível de estoques.

Há que se notar uma grande diferença entre as gestões do fluxo de caixa, que sempre repetimos, ser uma "resultante", e a gestão do capital de giro, neste caso "fator", "causa" ou "origem".

O capital de giro prevê estratégias agressivas ou conservadoras com prazo de atuação de um ano. Tratamos aqui de ações direcionadas ao curto prazo (por definição abaixo de um ano), mas com prazo de "um ano". Boa parte dos administradores de pequenas empresas se preocupa com o fluxo de caixa da semana vindoura, com sorte do mês vindouro. Tais preocupações, a do dia seguinte, da semana seguinte, do mês seguinte, fazem parte da gestão do fluxo de caixa. A gestão do capital de giro tem que ser feita em períodos bem superiores.


Estratégia Agressiva ou Conservadora???

A gestão em si será feita através da aplicação de estratégias (aqui só trataremos das muito básicas), que podem ser mais conservadoras ou mais agressivas.
A forma "mais" conservadora será aquela em que as empresas financiam tudo o que necessitam a "longo prazo". Assim é feito o cálculo dos "descasamentos" entre pagamentos e recebimentos e a totalidade do montante obtido será captada em empréstimos ou linhas de financiamento em longo prazo. Geralmente estamos falando de poucas operações, ou mesmo uma única, muito estruturadas, que serão feitas mediante planejamento adequado e antecipado. Serão também operações de "porte". Isto fará com que em alguns momentos haja capital oriundo das captações de longo prazo, que não estará sendo utilizado na operação, gerando um fluxo que deverá ser adequadamente aplicado e gerido (ai sim dentro do processo do fluxo de caixa). O custo total desta estratégia costuma ser "maior" que o custo total da operação mais agressiva, entretanto em valores percentuais, esta estratégia costuma gerar resultados muito mais interessantes que a outra estratégia básica.

A forma mais agressiva é aquela na qual serão financiados, ou captados apenas os valores suficientes para cobrir os intervalos nos quais os saldos negativos entre os recebimentos estão presentes, fazendo com que sejam realizadas muitas pequenas operações de porte menor que a captação apresentada pela estratégia mais conservadora.Esta estratégia em valores, pode custar menos que a outra, mas em termos percentuais, ou seja em termos de impacto sobre o resultado é bem inferior à outra.

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