sexta-feira, 4 de maio de 2012

O AMBIENTE DE CONTROLE INTERNO. (Controles Internos 1)


Não possuir controles sobre o seu negócio e seu patrimônio é um pecado de gestão empresarial. Se você não controla seus processos e operações você não controla seu negócio. Sem seu controle o negócio pode estar no seu nome, mas não será seu por muito tempo.

Para controlar seu negócio é fundamental que você possua uma estrutura de controles internos. Tais controles podem ser sofisticados ou simples, automatizados ou manuais, eventuais ou rotineiros. O importante é que sejam controles adequados à necessidade de cada empresa e em compasso com o risco representado por cada operação.


O importante é a adequação
entre os controles e o risco.
Há empresas que estarão bem controladas com um conjunto de poucos controles e uma equipe muito pequena de controladores ou funcionários destinados a esta função, enquanto outras estarão em falta com suas necessidades mesmo possuindo uma grande controladoria, auditores internos, auditores externos e consultorias de segurança interna e de internet/sistemas. Bancos são bons exemplos de empresas que precisam de um grande conjunto de controles e controladores internos. A natureza da operação assim como a magnitude das operações leva este tipo de empresa a ser obrigada a manter verdadeiros exércitos de auditores por conta do acompanhamento das operações.
Ao conjunto de regras e controles chamamos de "AMBIENTE DE CONTROLE INTERNO". 
O "ambiente de controle" é algo que se cria ao longo do tempo e em compasso com o crescimento da empresa, e depende fundamentalmente da cultura que o permeia. Podemos dizer que o "ambiente de controle" é a consciência de controle da empresa, envolve as competências técnicas e compromissos éticos que são inerentes à determinada cultura empresarial. É um fator intangível.

Não é possível falarmos de bom ambiente de controle interno, se estivermos inseridos em uma cultura na qual se cultua a "Lei de Gerson" (1): Levar vantagem em tudo é a ordem do dia...
Da mesma forma que é bastante complicado imaginar alguém ou alguma empresa que não queira ser fraudada quando a empresa em si possui uma cultura de fraudar clientes, fornecedores, governo e incentiva atos ilegais.



Neste ponto muitos leitores podem se perguntar: Que empresa incentiva atos ilegais?

Não conheço nenhuma empresa que "incentive" atos ilegais no discurso oficial, mas conheço muitas que "azeitam" negociações por meio de incentivos não declarados, trabalham com caixa dois, pagam fiscais, inspetores e têm uma série de outras ações similares.

Sempre que me encontro com este tipo de empresa, pergunto qual é o posicionamento da empresa deles quanto a estes quesitos, e invariavelmente recebo como resposta um encolher de ombros e um sorriso amarelo com a afirmação de que "-...quase todo mundo faz assim", ou "- ...se eu não fizer assim estou sendo mais realista que o mercado".

Todas as vezes que encontro esta situação fica claro que existe um discurso duplo, sendo que uma parte dele apresenta aquilo que o investidor ou os gestores desejariam que a empresa fosse. Outra parte deste discurso apresenta argumentos pragmáticos sobre a necessidade de se realizar alguns atos ilegais, inadequados ou antiéticos.

Se isto acontece na sua empresa ou na que você está trabalhando, fique sabendo que este é um dos indicadores de ambiente de controle interno fraco ou inadequado.
A postura da alta administração é parte fundamental deste conjunto de controles. Cabe a ela deixar claro para a estrutura quais as políticas a serem seguidas, os procedimentos a serem respeitados, o código de ética e comportamento a serem adotados.

Pouco importa o tipo de documentação ou formalização dos controles internos existente na empresa. A documentação e formalização são as últimas etapas do processo de construção do ambiente de controle interno. Antes de documentar adequadamente seus procedimentos, estes devem existir e serem executados adequadamente.
Não é importante que você possua um formulário modelo "X152b" que será utilizado para documentar a reconciliação bancária diária e a regularização e acompanhamento das pendências. Muito mais importante é você saber que deve reconciliar periodicamente suas contas bancárias e, melhor ainda, fazer isto nos períodos adequados.

(1) Gérson de Oliveira Nunes foi um dos melhores meio-campistas de toda a história do futebol brasileiro e teve participação fundamental na conquista da Copa do Mundo de 1970. No entanto, terá seu nome imortalizado não apenas por suas contribuições esportivas, mas também por ter batizado uma das poucas leis que são regiamente respeitadas no Brasil, ao lado da Lei da Gravidade e da Lei de Murphy. A malandragem, a esperteza e o tão propagado "jeitinho brasileiro" ganharam seu enunciado definitivo graças a uma frase que Gérson pronunciou em uma propaganda de televisão veiculada em 1976, para os cigarros Vila Rica.
No comercial, o ex-armador do São Paulo discorre sobre várias vantagens do cigarro que anunciava: "É gostoso, suave e não irrita a garganta". Para arrematar sua argumentação em prol da marca, Gérson questiona: "Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro?". Em seguida, com um sorriso malicioso, diz a infame frase que, descontextualizada, tornou-se o bordão definitivo da terra dos espertalhões, das propinas e da generalizada falta de ética neste país: "Gosto de levar vantagem em tudo, certo?"
Até hoje Gérson é injustamente penitenciado por ter estrelado uma campanha publicitária que, involuntariamente ou não, captou uma essência básica do imaginário coletivo nacional. (Inagaki)


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