segunda-feira, 7 de novembro de 2011

SCOTT VERSUS AMUNDSEN, A ESTRATÉGIA E SUAS OPORTUNIDADES (Estratégia 5)


O conceito de "o que é estratégia" ou "o que é modelo estratégico" é relativamente complexo como pudemos ver no texto anterior/acima.
Explicá-lo através de um ou vários exemplos no qual comento cada uma das etapas me parece mais simples que discorrer "filosoficamente" em um longo texto sobre o assunto. De mais a mais isto pode ser encontrado em vários dos livros que serão indicados na leitura recomendada.

Todas as vezes que tenho que explicar as possibilidades e oportunidades geradas por um modelo estratégico ou por uma estratégia recorro ao exemplo da Conquista do Pólo.

No início do século passado, mais precisamente entre 1910 e 1911, dois grupos de exploradores, liderados respectivamente por Amundsen e Scott, colocaram-se em um mesmo ambiente, o Pólo Sul. Lidando com as mesmas barreiras e possuindo as mesmas condições iniciais, adotaram diferentes estratégias para atingir um mesmo objetivo.

Para entendimento do exemplo farei um brevíssimo resumo da história. Caso haja interesse, nas notas no final deste capítulo (Estratégia) há um resumo mais completo da epopéia, bem como leituras recomendadas, interessantíssimos livros sobre o assunto, e alguns artigos sobre as condições de vida nos pólos.

BREVE RESUMO DA HISTÓRIA.
No período entre 1800 e 1920 houve uma série de explorações para atingir os locais da terra que ainda não haviam sido atingidos.
Alguns destes locais foram disputados palmo a palmo pelas mais diversas nações, mais ou menos da forma como aconteceu com a corrida ao espaço no período de 1957 a 1975.

Cada um dos exploradores montava sua "expedição" ao ponto que desejava atingir. Para obter fundos e recursos o explorador formulava sua estratégia, planejava suas necessidades e de posse destes planos apresentava suas intenções a todos que pudessem colaborar. Associações, clubes, patrocinadores particulares, governo e demais entidades contribuíam para a aventura.

O processo não era rápido nem simples, já que muitos tinham interesse em participar, mas os recursos eram limitados. Para iniciar uma expedição o explorador precisava na maior parte das vezes de um navio. No caso específico dos Pólos não se tratava de um navio qualquer, mas um preparado para tal intenção. Imagine o leitor que hoje um navio de transporte para o Pólo custa dezenas de milhões de dólares. Na época não era diferente. O preço de um navio era algo a ser bancado por governos ou grupos economicamente preparados para a demanda.

Depois havia a necessidade de dinheiro para os mantimentos, vestimenta, animais, máquinas, equipamentos diversos, e finalmente pagar pelo menos uma parte dos exploradores. Em uma expedição normal uma parte dos homens era de pessoal abastado a procura de fama e reconhecimento, ou com interesses no resultado da empreitada e a outra parte era assalariada. Os salários eram sempre muito pequenos, mas mesmo assim havia abundância de voluntários.

Todos estes itens deveriam ser bancados pelo período de duração da expedição, algo como três a quatro anos, entre a formação da equipe, a empreitada em si e o retorno a casa. Trocando em miúdos uma exploração feita de maneira rápida e sem muitos contratempos levava entre o plano inicial e sua conclusão o período entre quatro a seis anos.

Muitas destas explorações foram feitas em nome do pioneirismo e do ardor patriótico. O Pólo Norte foi "conquistado" pelos USA através de Peary, o Pólo Sul foi "conquistado" pela Noruega através de Amundsem e o ponto mais alto da terra, o Everest foi "conquistado" pela Inglaterra através de Sir Hilary.

Os objetivos não se limitavam apenas a pontos geográficos, mas também a caminhos e meios utilizados. Assim, eram também objetivos: As travessias do pólo de ponta a ponta (Shackleton 2ª expedição), a circunavegação dos Pólos, encontrar a "passagem Noroeste" para navegação no Pólo Norte (Amundsen) ou ser o primeiro a chegar ao Pólo de balão, de avião ou muito mais tarde de submarino.

Nenhum dos objetivos acima foi atingido na primeira tentativa, assim como nenhum foi atingido sem sua cota de exploradores mortos durante as tentativas. Expedições inteiras desapareceram sem que isto tenha arrefecido o entusiasmo e interesse do mundo neste sentido.
Ser vitorioso significava escrever o nome na história universal, honrar a pátria em nível máximo e ser reconhecido tanto social quanto materialmente de todas as formas.

Haver tentado de maneira honrosa e implacável e não ter conseguido atingir o objetivo podia significar quase a mesma coisa ou até mais. Creio existirem mais livros e referências sobre Scott e Shackleton, dois dos exploradores ingleses que nãoatingiram seus objetivos, que sobre Peary e Amudsen, os exploradores americano e norueguês que alcançaram seus objetivos e voltaram vivos para casa.

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